domingo, 30 de dezembro de 2012

Febre

A febre é uma dos sintomas mais frequentes no ser humano. Caracteriza-se por uma elevação da temperatura corporal acima da média ou setpoint (temperatura normal média do corpo humano: entre 36º C e 37.5º C).
A febre é medida com um termómetro de mercúrio ou digital.

Ciclo circadiano da temperatura corporal

O ciclo circadiano da temperatura corporal designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia todo o ciclo biológico do corpo humano e de qualquer outro ser vivo. O ciclo circadiano regula todos os ciclos físicos bem como muitos dos ciclos psicológicos do corpo humano, com influência sobre, por exemplo, a digestão, o crescimento e renovação das células, assim como a subida ou descida da temperatura. O ciclo circadiano é o nome que se dá às variações de temperatura que ocorrem no ser humano ao longo do dia. A temperatura corporal é mais elevada durante a noite e mais baixa de manhã, sendo que uma temperatura de 37,5ºC no início da manhã tem muito mais relevância do que esta temperatura no final do dia.
Algumas pessoas têm naturalmente temperaturas um pouco mais elevadas que outras, podendo apresentar algo em torno de 37,5ºC ao final do dia sem que isso tenha qualquer relevância médica.  Por outro lado, há aqueles que possuem temperatura basal mais baixa, às vezes próxima de 35,5ºC. Nestes, uma temperatura de 37,5ºC é algo bem acima do seu normal. Portanto, antes de se diagnosticar uma febre, é importante saber qual a temperatura habitual do paciente.



Também é importante termos em mente que o modo como é medida a temperatura corporal pode fornecer resultados diferentes, tendo em conta que a temperatura corporal é mais elevada no centro do corpo. Pode aferir-se a temperatura corporal de quatro maneiras, com resultados diferentes:
  •  Temperatura axilar - normal até 37,2ºC.
  •  Temperatura oral (boca)   - normal até 37,5ºC.
  •  Temperatura timpânica (ouvido) - normal até 37,5ºC.
  • Temperatura retal (ânus) - normal até 38ºC.
Aumentos da temperatura corporal podem ocorrer em situações que não indicam doença, como exercício físico, ambientes muito quentes ou frios, excesso de roupa ou alterações no ciclo hormonal feminino.
Mulheres durante o período de ovulação apresentam um aumento de até 0,5ºC na sua temperatura corporal, sendo esta alteração utilizada como método contracetivo (método do calendário ou de Ogino-Knaus).

Termómetro Digital



Não existe a possibilidade de um ser humano ter febre e ela não ser percetível pelo termómetro. Se a temperatura do corpo se eleva, o termómetro captá-la-á.

Mecanismo da Febre


A temperatura do nosso corpo é controlada através de sinais de feedback, pela área pré-ótica do hipotálamo, que funciona como uma espécie de termostato: age de modo a evitar grandes variações na temperatura do corpo, aumentando a perda de calor quando está mais quente e aumentando a produção de calor quando está frio.

Os macrófagos, células que têm um papel fundamental na fagocitose, possuem membranas receptoras que detetam a existência de produtos do metabolismo microbiano. Quando esses receptores são captam a presença de tais produtos, os macrófagos reagem, produzindo citosinas do tipo pirogénico (produzido pelo calor), que transmitem sinais ao cérebro para este aumentar a temperatura corporal. Esta subida de temperatura inibe o crescimento de microrganismos e acelera uma série de mecanismos de defesa.
Por outras palavras, quando somos invadidos por vírus ou bactérias, o nosso corpo ativa as suas células de defesa para combater estes intrusos. Durante a ‘batalha’ entre os glóbulos brancos e os invasores, os primeiros produzem substâncias que levam à produção de prostaglandinas, mediadores inflamatórios que ajudam no combate às infeções e substâncias responsáveis pela presença de inflamação e
 dor. Quando as prostaglandinas alcançam o hipotálamo, fazem com que este aumente a temperatura corporal. O hipotálamo passa então a induzir o organismo a produzir calor e aumentar o seu setpoint ou temperatura média. Em vez de 36,5ºC, o corpo agora passa a considerar sua temperatura normal em algum ponto acima dos 38ºC (temperatura rectal) ou 37,5 (temperatura axilar). Com a elevação do setpoint, o hipotálamo passa a ‘ordenar’ que o organismo de aqueça. O corpo gera calor de várias maneiras: através da contração muscular, dos calafrios, da constrição dos vasos sanguíneos da pele, da aceleração dos batimentos cardíacos, entre outros. O corpo fará o que for preciso para gerar e preservar calor, até chegar a temperatura desejada pelo hipotálamo.


A condução de calor é regulada pela vasoconstrição arteriolar.


A temperatura de 36,5ºC só é restabelecida quando há diminuição do estímulo das prostaglandinas. É por isso que os anti-inflamatórios e antipiréticos, medicamentos que inibem as prostaglandinas, atuam sobre a febre. Estes medicamentos eliminam as prostaglandinas circulantes, suspendendo o estímulo que o hipotálamo estava recebendo para aumentar a temperatura do corpo.

Quando as prostaglandinas diminuem, o hipotálamo volta a reduzir o setpoint, e o corpo, para rapidamente reduzir sua temperatura, provoca uma transpiração intensa, dissipando o calor.

O suor é um dos modos do organismo perder calor rapidamente. Os calafrios são um modo do organismo originar calor rapidamente.



A febre tem quase, mas nem sempre por base uma infeção. Mas há outras causas não infecciosas que podem estar na origem da febre:

  • Doenças Autoimunes (SIDA, lúpus*, etc)
  • Doenças Reumáticas
  • Transfusões de sangue não compatíveis
  • Cancro (em alguns casos pode causar febrícula** prolongada)
  • Reação Alérgica
  • Distúrbios Hormonais
Entre outros…

*lúpus: doença autoimune do tecido conjuntivo, de causa desconhecida que pode afetar qualquer parte do corpo. Assim como ocorre noutras doenças autoimunes, o sistema imune ataca as próprias células e tecidos do corpo, resultando em inflamação e dano tecidual.
**febrícula: Chama-se febrícula, ou estado subfebril, aos aumentos de temperatura entre 37,2ºC e 37,8ºC, que muitas vezes não apresentam significado clínico ou indicam doenças não infecciosas.

Vídeo 


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